Opinião

Abaixo o foco no resultado

Por ser o primeiro do ano, o passado mês de janeiro é muitas vezes associado à ideia de recomeço. Embora tudo nos pareça igual entre 31 de dezembro e 1 de janeiro, é quase inevitável sermos contagiados pela ideia de que entramos num novo ciclo. Ideia que carrega a esperança na nova oportunidade que se apresenta. E, assim, aumenta a percentagem de inscritos nos ginásios, de dietas iniciadas e livros comprados. Concordo que não precisamos de esperar por janeiro para definirmos os nossos objetivos, mas faço parte do grupo que utiliza esta época do ano para o fazer. Não é o meu intento explicar como devem ser definidos os objetivos de cada um. Para isso está o Google cheio de artigos, bastando pesquisar por “objetivos SMART”, e de estudos científicos que, fica a nota, comprovam uma maior probabilidade de os atingir se os escrevermos. Prefiro refletir sobre a nossa atitude perante os resultados alcançados. Imaginemos o melhor cenário possível, ou seja, definiu os seus objetivos utilizando as técnicas mais aconselhadas e cientificamente provadas, estabeleceu um plano de ação dentro dos mesmos moldes e conseguiu manter a motivação Abaixo o foco no resultado e disciplina necessárias para cumprir com o plano definido. Na maioria dos casos, diz-nos a ciência, estes comportamentos aumentam a probabilidade de alcançar os seus objetivos. É isso mesmo: aumentam a probabilidade, mas não garantem que alcança o que pretendia. Podemos então afirmar que temos uma influência nos resultados, mas não o total controle destes. Esta incerteza causa-nos preocupação e stress durante todo o percurso. Quando alcançamos o pretendido, convencemo-nos de que o controlo está do nosso lado e seguimos para o objetivo seguinte com entusiasmo. Até ao dia em que não conseguimos os resultados esperados. Neste caso, podemos ficar frustrados e desistir do nosso objetivo, ou podemos analisar o plano executado e alterá-lo, investindo em mais uma tentativa. Esta capacidade de persistência é, cada vez mais, associada ao sucesso. E de onde vem a capacidade de persistência? O que distingue aquele que persiste daquele que desiste? Acredito que aqueles que persistem são os mesmos que olham para o percurso ou plano a seguir como a parte mais importante. Onde o objetivo passa a ser visto como um pretexto para podermos definir o plano mais eficiente possível. Os que persistem não se iludem com a possibilidade de controlo dos resultados. Por isso, quando conseguem alcançar o que definiram, festejam e sentem-se sortudos e abençoados. Quando não conseguem atingir o que definiram, sabem que o esforço não foi desperdiçado. Sabem que valeu pelo crescimento acumulado ao longo do percurso e essa satisfação é suficiente para lhes permitir tentar mais uma vez. Acredito também que este desapego dos resultados e foco no percurso estão associados ao nível de afinidade pelas tarefas que fazem parte do plano. Quando o esforço se transforma em dedicação, o percurso torna-se mais leve e divertido, já não importando se chegamos à hora marcada.

Margarida Dias

Coach executiva e membro do Braga Toastmasters

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