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“A Noite em que o Verão Acabou”, de João Tordo

Dezembro é mês de festa. Temos o aniversário da nossa Minha, o Natal e o Final do Ano com todas as suas resoluções (já agora, porque não acrescentar “ler mais” na lista?). É também o mês em que as listas de compras aumentam exponencialmente. O que oferecer ao pai, aos filhos, ao cônjuge, aos irmãos, etc.? As indecisões e o stress associado toldam, muitas vezes, o verdadeiro espírito natalício que tem que ver com a união, paz e harmonia. Por essa razão, desafio-o a não pensar muito no assunto e, ao invés, oferecer conhecimento, empatia, portas para novos mundos, reflexões pertinentes, jornadas misteriosas e novas aventuras, na forma de um livro. O que acha da ideia?

A propósito, o Autor Português João Tordo experimentou um novo género e ofereceu-nos, este mês, A Noite em que o Verão Acabou. Passado entre Portugal e os Estados Unidos da América, este thriller da Companhia das Letras apresenta-nos Pedro Taborda, um aspirante a escritor que, reencontrando um amor da adolescência, em Nova Iorque, depressa se vê envolvido num dos mais afamados homicídios dos anos 90 – o do fictício milionário Noah Walsh. Repleto de mistério, este é o relato, na primeira pessoa, de Pedro que, num misto de enfatuação por um amor nunca esquecido e ambição para escrever o seu primeiro romance, procurou desvendar as circunstâncias que levaram à morte do magnata americano. 

Se gosta de histórias ricas em detalhe e com finais surpreendentes, certamente delirará com A Noite em que o Verão Acabou que bebe de grandes nomes do género policial como Agatha Christie ou Sir Conan Doyle para nos entregar a história de um crime que, na verdade, não passou de uma história de amor.

A Noite em que o Verão Acabou é um thriller sólido e muitíssimo bem escrito. João Tordo é já um reputado autor nacional, daqueles que conquista prémios e público, sendo que a sua bibliografia já fala por si. Talvez pela sua voz sempre pertinente, A Noite em que o Verão Acabou acaba por ser um livro que em nada corresponde ao seu tamanho – quase 700 páginas. A narrativa à volta do homicídio de Noah Walsh segue um ritmo por vezes lento, que vai alternando entre os diferentes papéis das personagens que podem ou não ter cometido o crime. No centro, temos um protagonista que vai crescendo à medida que os factos se vão sucedendo, passando de miúdo apaixonado a jornalista decidido a encerrar, de uma vez por todas, o capítulo da sua vida relacionado com a família Walsh. Pelo meio, vai sofrendo com as desventuras de conhecer verdadeiramente a personalidade por trás do seu ídolo, o autor Gary List, e aprendendo que um escritor não é nada sem a sua grande história.  

Se gosta de histórias ricas em detalhe e com finais surpreendentes, certamente delirará com A Noite em que o Verão Acabou que bebe de grandes nomes do género policial como Agatha Christie ou Sir Conan Doyle para nos entregar a história de um crime que, na verdade, não passou de uma história de amor. 

“Aquele caso era na, na verdade, uma história de amor. Ou mais de uma. E o amor é, será sempre, uma coisa inexplicável. É o lugar onde todas as coisas nascem e onde todas as coisas perecem e manifesta-se de tantas maneiras diferentes – pais e filhos, amantes, amigos – que é impossível metê-lo nas páginas de um livro (…) É tudo, está em toda a parte e não pode ser encontrado”. 

Boas Leituras e Excelentes Festas!  

    

Daniela Guimarães
Blogger de Literatura
@portasetenta
www.portasetenta.pt 

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