Lídia Dias
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Lídia Dias: “A Escola deve ser um lugar que todos acolhe e valoriza!”

A revista Minha falou com Lídia Dias, Vereadora da Câmara Municipal de Braga, responsável pelos pelouros da Educação e Cultura, sobre o atípico ano escolar que o país enfrentou e sobre os desafios que ainda estão para chegar ao nível do ensino. Em Braga, toda a comunidade educativa apostou antecipadamente na programação de estratégias: reduzir ansiedades e receios e transmitir confiança é o mote para o próximo ano.

Fotografias: Ana Marques Pinheiro

 

Muitas pessoas são da opinião que o ensino em Portugal deve mudar, apostando mais na promoção do sentido crítico dos alunos. Concorda com esta afirmação? Em que sentido deve mudar? A nossa Escola é um somatório de anos e anos de métodos, mais ou menos tradicionais, que se foram repetindo e mimetizando. A inovação vai chegando, via formação universitária e estudos mais avançados, todavia demora a chegar à Escola. Depois há ainda um certo carinho por determinadas formas de ensinar. Desde os meus primeiros anos na Universidade – e já vão cerca de 20 – que estimular o sentido crítico era o objetivo central do educador em formação. Uma criança com sentido crítico é capaz de pensar, verbalizar, fazer escolhas. O que se deve mudar? Antes de mais a atitude do educador/professor em ter disponibilidade para ouvir a criança, o jovem e perceber como pensa. Dar-lhe voz é fundamental. Após isso, é dar-lhe competências para que se possa exprimir, pois a Escola deve ser um lugar que todos acolhe e valoriza!

A educação pré-escolar em Portugal é subvalorizada? A Educação Pré-Escolar é, em Portugal, entendida de várias formas. Para uns, é um espaço de guarda, para outros de entretenimento e há ainda aqueles para quem este é o lugar para a antecipação de competências, antes da entrada no 1º ano do Ensino Básico. Ora, para mim, que sou igualmente educadora de infância, é o primeiro lugar (ou o segundo, caso a criança tenha frequentado o contexto creche) que a criança tem, depois da família, de iniciar a sua socialização e interação com o mundo.

Se desvalorizarmos as intencionalidades pedagógicas do bom trabalho numa sala de atividades, estamos a perder inúmeras oportunidades da criança descobrir, por si, o mundo num ambiente seguro, interagindo com outros pares e adultos. A Educação Pré-Escolar estimula aprendizagens, a comunicação, o sentido crítico, despistando possíveis problemas. O Pré-Escolar é o abrir a porta à criança, iniciando-a num percurso de descoberta e aprendizagem contínuo!

 

No nosso país ainda se continua a fugir das Línguas e Humanidades quando chega a altura de escolher uma “especialização”? Porque é que este fenómeno ainda acontece? Em minha opinião, é fruto de um desenvolvimento social mais focado no pragmatismo das ciências “exatas” ou áreas tecnológicas, que são áreas que durante muito tempo integraram mais pessoas no mercado de trabalho. As Línguas e Humanidades começaram a ficar estigmatizadas com o desemprego e a fuga das disciplinas “difíceis”.  Nas profissões mais “estandardizadas”, corre-se o risco de haver processos onde haja falta de ideias e onde se julgue quem ousa apontar novos caminhos. Na verdade, menos profissionais da área das Humanidades levam a uma sociedade mais acrítica, com menor capacidade de refletir, debater, entender e opinar. Pode resultar numa comunicação institucional deficiente e que traga mais engulhos sociais. Precisamos de uma sociedade que deposite os valores do Humanismo e volte a colocar o Homem no centro das questões, capacitando-o ao raciocínio lógico. Se me permitirem dar um exemplo de como isto é compatível e coadunável com uma nova forma de estar no mundo tecnocrata, vejamos como o Grupo dst, liderado pelo Eng.º. José Teixeira, aposta, cada vez mais, na formação Humanista dos seus colaboradores. Na dst, os colaboradores têm livros à disposição, podem ter aulas de teatro e de representação, bem como existem técnicos superiores a frequentar mestrados em Filosofia. O líder da empresa visa, com isto, preparar os engenheiros e os economistas para serem mais competentes, competitivos, humanos e justos, afirmando que a bagagem humanística que a faculdade trará aos estudantes do curso complementará perfeitamente a sua formação. Por isso, tenho esperança que este seja um exemplo a seguir e que a nossa sociedade se vá adaptando a uma nova forma de estar, que é voltar a direcionar-se para os valores Humanísticos.

Na verdade, menos profissionais da área das Humanidades levam a uma sociedade mais acrítica, com menor capacidade de refletir, debater, entender e opinar. Pode resultar numa comunicação institucional deficiente e que traga mais engulhos sociais. Precisamos de uma sociedade que deposite os valores do Humanismo e volte a colocar o Homem no centro das questões, capacitando-o ao raciocínio lógico.

António Costa Silva, consultor do Governo, disse, no documento “Visão Estratégica para o plano de recuperação económica e social de Portugal 2020-2030”, que o país deve formar mais engenheiros, reforçando o seu papel como centro europeu de engenharia. O consultor recomendou até criação de “kits pedagógicos ilustrativos das profissões mais necessárias”. A concretizarem-se estas sugestões não estaremos a exercer uma pressão desnecessária sobre as nossas crianças e jovens? Até que ponto é desejável tentarmos influenciar o percurso de um aluno? O consultor do Governo deu voz a uma necessidade que identificou no país. Entendo que quão mais qualificados forem os nossos jovens, mais oportunidades terão. Acontece que existe, por parte de alguns jovens, um fascínio por determinados cursos mais atrativos do ponto de vista da empregabilidade ou da remuneração, conduzindo a que outras opções vão ficando desertas. Um acompanhamento que seja feito na Escola, em conjunto com a Família, é fundamental para ajudar a encontrar o percurso e ajustá-lo a cada jovem. Os jovens conseguem reconhecer as profissões que mais se enquadram ao seu perfil, mesmo que muitas vezes sintam algum receio na tomada de decisões, o que faz parte da vida de qualquer cidadão. Cabe aos agentes educativos auscultá-los e orientá-los para o futuro académico e profissional que pretendem seguir. Contudo, isto não se faz com a seriedade necessária quando, por exemplo, os psicólogos nas Escolas estão assoberbados por tantas necessidades, dando como exemplo o Concelho de Braga, onde existem Agrupamentos de Escolas com um só psicólogo, a quem é atribuído apenas um horário de 18 horas! Não há milagres! É necessário que a aposta governamental seja mais séria e lúcida neste campo.

Stefania Giannini, a mais alta responsável das Nações Unidas para a Educação, disse, em janeiro deste ano, que a pandemia iria mudar para sempre a educação. Que oportunidades podem surgir destes novos modelos de ensino com que nos confrontamos? Antes de mais, a pandemia devolveu-nos a capacidade de “reinventar”. De um momento para outro, todos fomos obrigados a incorporar novos processos. Nomeadamente, na Educação permitiu-se colocar as novas tecnologias como ferramenta imprescindível para estar em contato com o mundo e, através destas, nos relacionarmos e trazermos alguma da normalidade que a pandemia nos retirou. Seja como for, a normalidade da rotina escolar é essencial. Por mais interessante que sejam as novas aplicações e conceitos transmitidos pelas tecnologias mais avançadas, nada é comparável à presença dos jovens em espaço de sala na interação com os seus professores e pares.

A pandemia Covid-19 veio reforçar a importância do papel da escola e dos professores na Educação das crianças e dos jovens. Foi lançado, a toda a comunidade educativa, o desafio de entrar numa experiência pedagógica inédita, quer para o corpo docente, quer para alunos, onde todos experienciaram o ensino à distância. Tendo em conta as ilações aferidas nesta experiência, urge a necessidade de investir na formação formal e informal de toda a comunidade educativa, para uma utilização mais adequada das ferramentas tecnológicas, sejam elas educativas ou sociais.

Mas o futuro, mais ou menos tecnológico, não substitui a relação pedagógica presencial entre os professores e os alunos, e destes entre si. Ensinar vai além da mera transmissão de conhecimentos, pois ensinar implica conhecer a realidade do estado da aprendizagem dos alunos, aplicar estratégias e metodologias adequadas, suscitar o interesse pela aprendizagem e criar um contexto de construção do conhecimento individual e de grupo. 

A que considera dever-se o crescente sucesso de Portugal no PISA? Portugal apresentou, em 2018, resultados nos testes PISA ligeiramente inferiores a 2015. No entanto, os resultados aferidos pelo PISA são positivos aquando da aplicação dos testes nas áreas da leitura, matemática e ciências, devendo-se a um conjunto de fatores como a quase universalidade da Educação Pré-Escolar; a motivação dos alunos; a formação de qualidade que é ministrada aos professores, pelas universidades portuguesas e o investimento na educação que tem sido feito ao longo dos anos. No entanto, apesar de Portugal estar bem posicionado, relativamente à média dos países da OCDE, ainda há aspetos a melhorar, nomeadamente, o contexto familiar e socioeconómico dos alunos, o número de retenções por ano de escolaridade, o défice de nível de escolaridade dos pais, o sedentarismo dos alunos portugueses e a gestão que é feita pelos agrupamentos de escolas.

Neste sentido, o Município de Braga tem vindo a desenvolver um conjunto de projetos que visam contribuir para a melhoria efetiva destes indicadores, bem como para a saúde, bem-estar e felicidade das crianças e jovens  das famílias bracarenses. De referir, o projeto de combate ao insucesso escolar PIICIE; o programa Qualifica, que visa a melhoria das qualificações da população adulta do concelho, entre outros projetos e iniciativas que são desenvolvidos durante todo o ano, em articulação com os Agrupamentos de Escolas e outras entidades relevantes do concelho.

Temos de confiar nos Diretores de Escola que aqui, em Braga, fizeram e fazem um trabalho louvável; temos que respeitar os nossos Educadores e Professores que pelo seu empenho e profissionalismo são fundamentais para tudo funcionar; temos que apoiar os pais e encarregados de educação pelo seu trabalho de superação; temos que acreditar que todas as instituições e entidades, onde se inclui a Câmara Municipal, só têm um fim único que é servir a comunidade, dando garantias que tudo estão a fazer para minimizar riscos e a trabalhar por um futuro sereno e feliz para as nossas crianças e jovens.

Não obstante todo este trabalho desenvolvido diariamente nos diversos projetos, o Município de Braga, aderiu, este ano, ao projeto PISA for Schools nos Municípios, um projeto de capacitação das escolas que procura a melhoria dos resultados de aprendizagem dos alunos e do seu bem estar, através da capacitação dos professores, líderes escolares e coordenadores nacionais. A adesão a este projeto permitirá traçar um retrato a nível local e reunir sinergias, no sentido de otimizar as práticas nas escolas, contribuindo para uma melhoria significativa dos resultados obtidos pelos alunos. Este é mais um projeto que está a ser retomado.

Uma notícia recente dá-nos conta que o abandono escolar, em Portugal, continua a recuar, mas ainda está acima da média europeia. O que é possível fazer para prevenir este abandono? Em 20 anos, a taxa de abandono escolar passou de 50% para cerca de 10%. Obviamente que são números significativos, mas que continuam a carecer de um forte investimento da tutela e das diferentes entidades. O abandono escolar, que está associado ao próprio insucesso escolar, tem um conjunto de fatores relacionados, nomeadamente o baixo nível socioeconómico dos agregados familiares, os baixos níveis de escolaridade dos encarregados de educação, a desvalorização da escola e a falta de expectativa face ao futuro. A tutela deve dotar a Escola de técnicos especializados que possam mediar com a CPCJ, Segurança Social, IEFP, Autarquias, um conjunto de ações que possam ajudar as famílias mais frágeis a que os seus filhos não abandonem a escola.

As respostas de combate ao insucesso e abandono escolar têm de ser elaboradas localmente, de modo a ir ao encontro dos casos concretos e das pessoas reais.

Pode explicar-nos em que consiste o Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar aplicado em Braga? Os projetos desenvolvidos pelo Município de Braga chamam-se “Saber Crescer” e “Equipa Técnica de Articulação Educativa”. As equipas multidisciplinares iniciaram o seu trabalho no terreno, no terceiro período do ano letivo 2017/2018, com o objetivo de implementar um programa psico e socioeducativo integrado de promoção do sucesso escolar, no sentido de minorar e/ou eliminar os fatores de risco subjacentes ao insucesso e abandono escolar.

As ações dos projetos abrangem as áreas da Animação de Recreios, Terapia da Fala, Educação e Psicologia. Privilegiam atividades que favorecem o desenvolvimento de competências transversais e interdisciplinares, de forma integrada e articulada, com propostas de atividades que envolvem, estimulam e incentivam a interação entre os alunos. 

A operacionalização e monitorização do conjunto de ações dos projetos, ao longo destes dois anos e meio de implementação, permitiu-nos concluir que as equipas multidisciplinares, distribuídas pelos 12 Agrupamentos de Escolas e Escola Artística do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, não só alcançaram, como já ultrapassaram, os indicadores e metas previstos em candidatura. Já foram envolvidos, nas várias ações dos projetos, 13169 alunos do 1º, 2 º e 3º Ciclos do Ensino Básico e 331 crianças da Educação Pré-Escolar. Os parceiros envolvidos reconhecem a importância do trabalho de parceria desenvolvido pelas equipas multidisciplinares, considerando-o como catalisador de dinâmicas que salvaguardam o desenvolvimento integral dos alunos, bem como a melhoria dos resultados escolares. Consideram, ainda, que a implementação dos projetos permite, de uma forma equilibrada e com equidade, que todos os alunos desenvolvam aprendizagens, num contexto que aproxima a escola e a comunidade. Consideram ainda que técnicos, professores, assistentes operacionais, alunos e encarregados de educação construíram, através destes projetos, uma forte aliança, reforçando o trabalho de uns e de outros, alicerçado numa relação de confiança e num clima de cooperação. Os projetos inseridos no PIICIE são reconhecidos por toda a comunidade educativa como indispensáveis para a promoção de novas realidades educativas de interesse pedagógico e que a intervenção, junto dos alunos, é de extraordinária importância, face aos ganhos para as práticas educativas. 

Há cada vez menos pessoas a ler? O Município de Braga tem (ou apoia) algum programa de incentivo à leitura e à criação literária? Bem, eu não sei se há menos pessoas a ler, mas sei que aquilo que o Município quer é que haja mais pessoas a ler! Por isso, o Plano Local de Leitura foi desenhado para ir ao encontro dos potenciais leitores estejam eles em casa, num consultório, numa empresa ou na rua!

O Município divide a gestão, com a Universidade do Minho, de um dos lugares que no concelho mais promove e incentiva a leitura, a Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva. Para além disso, com a Rede de Bibliotecas Escolares temos procurado apoiar não só as Bibliotecas em si, como também temos promovido ações de formação para os Professores Bibliotecários. Infelizmente, a pandemia fez atrasar todo o processo do Plano Local de Leitura, mas esperamos, neste segundo semestre do ano, poder dar continuidade ao nosso trabalho.

Lembro Paulo Freire que dizia que a “Educação não transforma o Mundo. A Educação muda as Pessoas. As Pessoas transformam o Mundo”… É nisto que quero acreditar, que valorizamos o respeito pelo outro e que estando sujeitos a esta provação que a Pandemia nos trouxe, fazemos parte desta transformação de tornar o Mundo melhor!

Convém lembrar, neste sector, que não abdicámos de realizar a Feira do Livro, ainda que num formato digital. Esta Feira do Livro digital, apesar de ter sido um pouco criticada pela sua forma, não perde o seu conteúdo, cumprindo o seu objetivo de aproximar as pessoas dos títulos publicados. Os números de “visitas” a esta Feira do Livro são muito expressivos disso mesmo.

Em Braga houve alunos que ficaram “para trás” devido à ausência de ferramentas necessárias (computadores e outros dispositivos eletrónicos)? Que ações concretizou o Município para suprir estas necessidades? O Município de Braga acompanhou, em conjunto com os Agrupamentos de Escolas, toda a atividade que foi desenvolvida para que ninguém ficasse para trás. E aí, todos os Agrupamentos de Escolas, assim como Associações de Pais e Autarquias, fizeram um trabalho inexcedível para envolver todos os alunos nestas novas dinâmicas e para as quais foi preciso montar respostas em tempo recorde. O Município, além de ter disponibilizado um conjunto de equipamentos informáticos, facultou cerca de 700 hotspots para possibilitar o acesso à internet.

Em Braga e no arranque do novo ano letivo, os professores dispõem das ferramentas necessárias para um produtivo ensino à distância, caso seja necessário? O Município de Braga irá equipar as suas escolas com mais 1500 computadores, no início do novo ano letivo. Estamos conscientes que esse material será uma mais-valia em contexto de sala de aula assim como, caso seja necessário, no ensino à distância. Em caso de necessidade, o material poderá ser emprestado a quem mais precisar. Os Agrupamentos de Escola elaboraram os seus planos de Ensino à distância, respeitando aquilo que é emanado pelo Ministério da Educação e procuram dar resposta às diferentes realidades e aos seus Projetos Educativos.

Vai haver reforço de pessoal não docente nas escolas de Braga? Essa é uma matéria muito sensível e fonte de inúmeras preocupações. O rácio dos assistentes operacionais definido pelo Ministério da Educação é algo que tem em pouca conta a necessidade e especificidade de cada escola e de cada aluno. Uma Escola que se diz Inclusiva necessita de ter um corpo de profissionais que corporize isso mesmo… e sabemos que esta não é uma realidade. O Município tem procurado dar respostas no terreno, mas tenho consciência que não conseguimos cobrir todas as necessidades. Ao longo do ano letivo anterior, entraram ao serviço 173 assistentes operacionais. Neste momento, temos a decorrer um novo concurso para a entrada de mais assistentes operacionais. Como este ainda não está concluído, existindo mais de mil candidaturas em análise, estamos a encetar todos os esforços para ter uma solução que colmate as necessidades no imediato.

Paralelamente a isso, continuamos à espera de uma resposta, por parte DGEstE, ao nosso pedido para que as assistentes operacionais com baixa de longa duração possam ser substituídas. Isto é algo absolutamente fundamental para o bom funcionamento das escolas.

O próximo ano letivo vai ser mais longo e as pausas entre períodos vão ser menores. Esta medida não trará consequências – sobretudo a nível psicológico – negativas para todos os envolvidos no ensino? Toda a comunidade educativa assumirá, já em setembro, um novo grande desafio. Para além de não sabermos como a pandemia se irá desenvolver, as regras instituídas nos agrupamentos ditarão novas rotinas e novos procedimentos. O próprio calendário escolar teve mutações e este ano letivo será particularmente exigente. Todos somos necessários para conter os alarmismos, bem como os medos e as nossas ações devem pautar-se pela serenidade e eficácia das mesmas. Resolver problemas, comunicar com clareza, programar antecipadamente para reduzir ansiedades e receios e, sobretudo, dar confiança. Todos temos que passar por isto, logo, temos que o fazer da melhor maneira. Temos de confiar nos Diretores de Escola que aqui, em Braga, fizeram e fazem um trabalho louvável; temos que respeitar os nossos Educadores e Professores que pelo seu empenho e profissionalismo são fundamentais para tudo funcionar; temos que apoiar os pais e encarregados de educação pelo seu trabalho de superação; temos que acreditar que todas as instituições e entidades, onde se inclui a Câmara Municipal, só têm um fim único que é servir a comunidade, dando garantias que tudo estão a fazer para minimizar riscos e a trabalhar por um futuro sereno e feliz para as nossas crianças e jovens. 

Um dos desafios que se colocou este ano prendeu-se com os encarregados de educação, que se viram obrigados a assumir uma multiplicidade de papéis em simultâneo. Das realidades que conhece, parece-lhe que há condições para assumirem esta responsabilidade uma segunda vez num futuro próximo? Como é que se pode ajudar estes pais? As decisões tomadas terão impacto no futuro. Preparamos o próximo ano letivo na certeza de que todos nós viveremos numa nova realidade. É essencial estudar, planear e concretizar para que, no futuro, todos possam ter igualdade no acesso à educação.
Esta pandemia veio afirmar a importância do papel da escola e dos professores, que se afiguram imprescindíveis, bem como, o envolvimento dos pais e da família, no sucesso escolar. 

Os pais fizeram todo um esforço de superação, numa tentativa de adaptar o seu próprio trabalho àquilo que era pedido aos seus filhos.

É evidente que foi um esforço gigantesco porque, para além de se terem transformado professores à força, ainda tiveram que conjugar esta dinâmica com o seu próprio trabalho. Nesse sentido, creio ser fundamental estreitarem-se laços de comunicação, simplificar processos e burocracias mas, acima de tudo, estarmos conscientes que o sucesso da atividade letiva presencial cabe à boa conduta de todos. Teremos que ser cumpridores das recomendações da DGS, das indicações da Escola e pensarmos que fazemos parte de um todo e que esse todo responsabiliza cada um.

Lembro Paulo Freire que dizia que a “Educação não transforma o Mundo. A Educação muda as Pessoas. As Pessoas transformam o Mundo”… É nisto que quero acreditar, que valorizamos o respeito pelo outro e que estando sujeitos a esta provação que a Pandemia nos trouxe, fazemos parte desta transformação de tornar o Mundo melhor!

 

 

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