Roteiros

Roteiros pelo Património (Barcelos)

O mês de maio é o mês de Maria e, tradicionalmente, o mês em que homenageamos as nossas mães, com gestos de reconhecimento por tudo o que fizeram e continuam a fazer pelos seus filhos. Portugal, acreditamos, deverá ser o país no mundo onde a devoção à Mãe encontra maior expressão no património construído ao longo dos séculos. E a nosso Minho é um bom exemplo disso mesmo.
Por isso, não foi difícil este mês encontrar um monumento para vos dar a conhecer, convidando-vos a visitá-lo, seja pela sua beleza arquitetónica, seja, sobretudo, pela história que encerrar. Recordo-me de, há precisamente um ano, vos ter falado das Aparições do Barral, no concelho de Ponte da Barca.

Pois, agora vamos até Balugães, no concelho de Barcelos, na fronteira com o distrito de Viana do Castelo, onde foi erguido o Santuário de Nossa Senhora da Aparecida.
Para lá chegar vamos pela Estrada Nacional 204, que liga Barcelos a Ponte de Lima. E quando chegamos a Balugães, não é difícil encontrar este santuário, que sobressai no local mais elevado da freguesia, havendo também sinalética bastante esclarecedora.

A construção deste santuário, conta a história, deve-se a uma aparição de Nossa Senhora neste local a um jovem que era conhecido por João Mudo. Segundo reza a tradição, foi em 1702 que a Virgem Maria revelou-se a um jovem que se chamava João Alves e que era mudo. Nesta aparição, Nossa Senhora curou o jovem da sua deficiência e pediu que lhe fosse erguida uma capela naquele local em memória deste milagre.

Assim, o pai de João Mudo construiu sobre o penedo sagrado um pequeno templo, com a porta virada para Sul, em direção ao escadório, para satisfazer o pedido de Nossa Senhora, e foi para aqui que se encaminharam os primeiros devotos da Senhora da Aparecida.

Pelo facto da devoção ter crescido e o número de peregrinos ter aumentado, este pequeno templo, que ainda hoje existe, tornou-se pequeno e foi preciso remodelar um templo tornando-o mais amplo.

Assim, mesmo encostada e ligada à construção primitiva foi então construída uma ampliação da capela de Nossa Senhora da Aparecida, mais ampla, com a porta voltada para o Templo da Memória, e que passou a ser o centro de atracão dos peregrinos.

Neste local há uma tradição muito curiosa e que, quem aqui vai, nunca deixa de fazer. Sensivelmente a meio da capela existe um corredor muito baixo e estreito, cavado no penedo, pelo qual, segundo é crença geral, só pode passar quem estiver em graça.

Mas, ao falar desta capela também é necessário falar do Santuário que ali foi erguido mesmo em frente e que, a 15 de agosto, é o epicentro da grande e única peregrinação que junta fiéis de paróquias de Braga, Ponte de Lima, Barcelos e Viana do Castelo.

A história conta que este grande santuário dedicado a Nossa Senhora da Aparecida foi edificado neste Monte da Caramona sob os auspícios do Arcebispo de Braga, D. Rodrigo de Moura Teles.

Em termos arquitetónicos, olhando de frente repare que tem frontaria voltada ao Nascente e é amparado por duas torres sólidas. Por cima das três janelas que iluminam o coro, abre-se ao centro um nicho com a imagem de Nossa Senhora.

Ao entrar, vai descobrir dentro da capela-mor uma majestosa tribuna em puro estilo barroco, onde se encontra em posição cimeira um fantástico camarim, que serve de trono à Senhora da Aparecida.

Segundo é relatado, aqui existia um «formoso candelabro» em prata que terá sido levado para a igreja do Senhor da Cruz, em Barcelos, e uma rica capa de Asperges, que está na Sé de Braga.

Ao regressar a casa, fica mais uma pequena sugestão: entre na Estrada Nacional 308, em direção a Viana do Castelo, e não muito longe daqui, na vizinha freguesia de Durrães, vai encontrar a fábrica de chocolate Avianense. Durante os dias da semana, uma vez que encerra aos sábados e domingos, pode visitar o Museu do Chocolate e, no final, adquirir alguns produtos, como o delicioso chocolate Imperador.

 

 

 

 

 

 

 

TXT José Carlos Ferreira

 

 

 

 

 

Deixar comentário