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Zet gallery leva arte em espaço público ao Minho durante o verão

A zet gallery, em conjunto com o município de Vila Nova de Cerveira inauguraram, recentemente, a obra “Homenagem ao eterno mestre dos inquietos”, da autoria do artista venezuelano Juan Domingues. Trata-se de uma pintura mural em homenagem a Henrique Silva, artista e antigo diretor da Bienal Internacional de Cerveira, integrada no programa de residências artísticas AMAR O MINHO, projeto promovido pelo consórcio MINHO IN que integra os 24 município do Minho.
A intervenção artística, realizada numa das paredes do Cineteatro de Cerveira, apresenta duas figuras de Henrique Silva, correspondendo  a dois períodos da sua vida, nomeadamente da juventude e da atualidade. Juan Domingues procurou «retratá-lo na sua diversidade de momentos de vida, captando-lhe o olhar sincero e inquieto e uma eterna incapacidade de resignação», desvenda Helena Mendes Pereira, diretora e curadora da zet gallery. Na cerimónia foi ainda apresentado o livro  “Bienais Internacionais de Arte de Cerveira (2008 a 2020): resiliências, crises e transformações”, da autoria de Helena Mendes Pereira, uma edição daquele município com o apoio da Fundação Bienal de Arte de Cerveira e da Universidade do Minho.

Intervenções artísticas em espaços públicos para democratizar o acesso à arte

A par deste mural, a zet gallery preenche o mês de agosto com inaugurações na região do Minho,  levando a cultura ao espaço público através de várias formas de expressão artística. Após a intervenção artística de Rafa Lopéz em mais uma antena  de telecomunicações da Altice, na Branda da Aveleira em Melgaço, inaugurada recentemente, a zet gallery prossegue o seu trabalho de democratização de acesso à arte através do espaço público com a inauguração, em agosto, do painel de azulejos coletivo que está a ser desenvolvido por sete artistas femininas, no âmbito da Feira do Livro de Braga.  «Na zet gallery e no dstgroup acreditamos profundamente no poder da arte em espaço público enquanto potenciadora do acesso democrático, de todos, à cultura e ao conhecimento. Há anos que perseguimos este objetivo de a Arte não ser um exclusivo das elites, trabalhando com os territórios e com diversos municípios em projetos, não só de implementação de obras de arte em espaço público, mas també», enfatiza Helena Mendes Pereira.
No dia 13 de agosto, o Altice Forum Braga ganha assim mais uma obra de arte, materializando mais uma  produção artística cedida pela zet gallery e pelo dstgroup à cidade e ao município de Braga. Com curadoria de Helena Mendes Pereira e sob coordenação técnica de Bárbara Forte, “Ser Mulher, Ser Artista” foi um desafio lançado a uma dúzia de artistas, mulheres, para pensarem a partir do que é ser mulher e ser artista em pleno século XXI e, em particular, num tempo marcado pela Covid-19. «A narrativa do resultado conta-nos estórias de mulheres que sonham, lutam, criam, são complexas, inteiras, capazes e inspiradoras», adianta a curadora.

Em  Caminha, a 17 de agosto, o município homenageia António Pedro, personalidade do teatro, da literatura, das artes plásticas e da cultura, de uma forma geral, com a inauguração da obra “Mulher-cão e a ilha do anjo”, da autoria de Pedro Figueiredo.
55 anos após o desaparecimento de uma das vozes que fez parte da primeira geração de surrealistas portugueses, Pedro Figueiredo foi convidado, no âmbito do programa de residências artísticas AMAR O MINHO,  a desenvolver um conjunto escultório, em bronze, constituído por dois elementos. “A mulher inspirada no óleo sobre tela “Ilha do Cão”, que António Pedro pintou em 1941 e que parte do referencial paisagístico deste lugar e, em particular, da Ínsua, e O Querubim, segundo elemento escultórico, que encima o muro de suporte, observando a cena e trazendo o surrealismo idílico à proposta de Pedro Figueiredo, cujo vocabulário plástico é perfeitamente reconhecível nesta obra”, revela Helena Mendes Pereira.

Sobre esta estratégia de democratização da arte nos territórios, a diretora da zet gallery cita Claude Leford (FR, 1924-2010) que escreveu que «a sobrevivência e extensão do espaço público é uma questão política. Quero dizer com isso que é a questão que está no cerne da democracia». Segundo aquela responsável, «a julgar pelo número de referências ao espaço público no discurso estético contemporâneo, o mundo da arte parece estar a levar a democracia a sério. As alusões ao espaço público multiplicam-se na última década juntamente com o crescimento altamente divulgado nas comissões para arte pública e da curadoria de espaço público, concordam-se que o espaço público está inextricavelmente ligado aos ideais democráticos». E exemplifica «quando os programadores artísticos e culturais, autoridades municipais formulam critérios para colocar “arte em lugares públicos”, rotineiramente empregam um vocabulário que invoca, embora vagamente, os princípios da democracia direta e representativa.  A terminologia da arte pública frequentemente promete um compromisso não apenas com a democracia como forma de governo, mas também com um espírito democrático geral de igualdade». A curadora justifica esta ideia com uma citação da historiadora e crítica de arte Rosalyn Deusche, que defende que   «todas estas práticas se sustentam na ideia de que o espaço público, longe de ser uma entidade preexistente criada para os seus usuários, é antes um espaço que emerge da prática dos seus utilizadores».

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