Opinião

Felicidade

Desde tempos antigos que a busca do ser humano pela felicidade tem sido imparável. Embora esta venha em formas diferentes, parece que toda a gente a busca incessantemente, mas nunca consegue atingir a sua plenitude.

Por natureza somos seres narcisistas e de pensamento constante no que nos falta e não no que já possuímos, ora, isto causa-nos uma sensação de insatisfação constante que a maioria de nós arrasta até ao fim dos seus dias. O pensamento “Se eu fosse assim ou assado/tivesse ou não tivesse tal coisa seria mais feliz” e para os sonhadores “Quando eu for x/tiver y serei feliz” são constantes no nosso pensamento e levam-nos a crer que nunca somos realmente e plenamente felizes, apenas temos momentos de felicidade que se vão tão depressa quanto aparecem.

Seria de pensar que em momentos difíceis como a pandemia que estamos a vivenciar, em situações precárias como muitos portugueses vivem e em alturas atribuladas nas relações é certamente quando a felicidade está mais longínqua, mas tal não é totalmente verdade, é especialmente nestes pontos que a felicidade está a uma distância mais próxima, durante os confinamentos, que foram para mim os momentos mais difíceis. Durante a pandemia ficava feliz com o simples facto de a minha família mais chegada se juntar à mesa para jogar Monopólio e fazer maratonas de Deceit enquanto estava em chamada com os meus amigos fazia-me feliz, isto porque face à possibilidade de pessoas importantes para mim poderem ser infetadas e perder a vida por causa deste vírus, tal não acontecer e eu poder dedicar tempo a elas era algo que me fazia feliz. Não é que agora seja infeliz, mas como ser humano que sou a insatisfação constante também me corrói por dentro: “Já devia ter carta de condução.”, “Já estava em idade para estar numa relação.” São frases que me passam pela cabeça de tempos a tempos e que me fazem pensar que não sou feliz a 100%, mas depois ocorre-me que há quem não tenha de todo possibilidades de tirar a carta e/ou ter um carro e que a minha felicidade nem a de ninguém devia depender de estar com outra pessoa.

Esse, meus caros e minhas caras, é precisamente o ponto. Quanto mais se anda em busca da felicidade mais inalcançável ela parece, quando na verdade está nas mais pequenas coisas, num abraço apertado da mãe, num desenho mal feito do irmão ou da irmã, numa lambidela do cão, etc… Devemos ser felizes com o que temos e não nos martirizarmos pelo que não temos. A frase “O lixo de um homem é o tesouro de outro” é muito aplicável nestas situações, quando pensarem que podiam ter pernas mais magras ou mais gordas lembrem-se que há quem gostasse que as suas apenas funcionassem, há quem desse tudo o que tem para conhecer os seus progenitores e vocês a queixarem-se dos vossos e há muitos mais exemplos como estes.

Inês Neves

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Desde que somos crianças, que nos perguntam o que queremos ser quando formos grandes e nós, comum sorriso na cara, dizemos qual é o trabalho dos nossos sonhos. E nesse momento queremos ser tudo e mais alguma coisa, o céu é o limite para as nossas ambições, e por isso sonhamos em fazer aquilo que nos faz felizes e que gostamos. Sonhámos em fazer aquilo que nos faz felizes e que amamos. Aquilo que nos dá força para sair da cama e começar o dia. Afinal, são 8 horas do nosso dia gastas no trabalho. Sonhamos em ter um bom trabalho, com um bom cargo e um bom ordenado. Mas, por outro lado, esquecemo-nos que o trabalho dos sonhos não é só ter um bom trabalho, não é só ser superior aos outros porque temos mais responsabilidades dentro da empresa. A parte mais importante, é ter um bom ambiente dentro do local onde trabalhamos onde nos sintamos seguros, felizes e confiantes em relação ao que fazemos e que somos. Sempre sentimos a necessidade de sonhar mais alto e alcançar aquilo que sonhávamos, por mais difícil que fosse e isso, tornou o ser humano num ser único. Mas, esquecemo-nos, ao mesmo tempo, que somos humanos e como tal, temos que sentir-nos bem dentro dos lugares onde estamos. Todos os trabalhos são importantes, e cada um tem a sua responsabilidade, desde dona de casa até médico, e todos os trabalhos, para serem bem executados, os trabalhadores têm que ser felizes dentro das “quatro paredes”. Vivemos numa sociedade onde o trabalho que temos influencia a maneira como a sociedade olha para nós. Vivemos num paradigma que está enraizado na nossa sociedade de que para sermos pessoas bem-sucedidas precisamos de ter um bom emprego. Parece que somos obrigados a ter um bom trabalho independentemente se gostamos ou não do ambiente, mas esquecemo-nos que estar feliz é tão ou mais importante do que o trabalho. Devemos, por isso, lutar para conseguir o trabalho que nos conquiste e realize, e onde a felicidade seja sempre a nossa prioridade.

Gabriela Silva

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O meu aspeto, as interações que tenho com as pessoas, como é que a minha vida profissional e pessoal estão a decorrer são alguns dos fatores que afetam a forma como vivo o meu dia a dia.

Há dias em que, qualquer acontecimento nos parece, especialmente, negativo, e nos faz sentir demasiado incapazes de apresentar um sorriso no rosto. Nessas alturas, parece-nos uma tarefa difícil recuperar e voltar à alegria de viver.

Porém, pelas experiências que já vivi, sei que é possível dar a volta a um sentimento de desespero e encontrar a felicidade em momentos inesperados.
Eu seria capaz de dar sugestões sobre o modo como podem tornar o vosso dia melhor. Contudo, a felicidade depende da maneira como lidamos com as situações com que nos deparamos e da importância que lhes damos.

O passo mais importante para tal mudança é deixar de dizer que não conseguimos ser felizes.
Escolhi a foto que conseguem ver por um motivo: tranquilidade. Para um grande número de pessoas, existe um lugar a que chamam “de conforto”. Será uma espécie de local seguro a que recorremos quando procuramos paz. No meu caso, a praia dá-me esse conforto. Para o meu pai, por exemplo, esse lugar é a cidade onde nasceu. Como já disse, tudo depende da pessoa e de como esse sítio a faz sentir.

Um lugar não é a única maneira de tornarmos um dia difícil num fácil. As pessoas também o são. As pessoas que nos rodeiam conseguem mudar, por completo, as nossas emoções e, na busca desses momentos felizes, o ideal seria aliar o lugar a quem nos alegra e nos traz tranquilidade com a sua presença.

Estes são os melhores conselhos que já recebi, ao longo dos anos, e que me ajudaram a encontrar paz interior. Um dia, espero que pensem neles e encontrem a vossa.

Rita Ceia

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Por muitas vezes deixámos que a magia de um olhar nos influencie, no nosso dia a dia, na nossa imaginação ou no nosso coração. É difícil guardar toda esta emoção, por vezes acabamos por não aguentar e partilhámos essa nossa íntima ideia. É aquele olhar que para já me faz feliz, e provavelmente sempre irá fazer. Seja ele olhos nos olhos, atrás de um ecrã ou através de uma lente fotográfica, será sempre algo que nos faz continuar. Resistir é fácil quando gostamos daquilo que nos faz duvidar. É um caminho para ser feliz.

 

Ricardo Ferreira

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Vivemos constantemente à procura de felicidade e no contexto de trabalho não é diferente. Sentimos felicidade quando existe satisfação na nossa vida profissional, quando sentimos uma série de sensações positivas quando pensamos no nosso trabalho.

Encontrar a felicidade no trabalho parece, para muitos, algo que não passa de palavras inspiradoras, mas é totalmente possível encontrá-la e com ela a nossa realização. Além de encontrá-la, precisamos de mantê-la por perto. A felicidade depende na sua maioria de nós. Depende da forma como olhamos para o mundo à nossa volta, a forma como lidamos com as situações e decidimos viver a nossa vida, neste caso a nossa vida profissional.

Uma parte crucial para que isso aconteça é fazer aquilo que queremos e amamos fazer. Naturalmente, se trabalharmos numa área que nos interessa e gostamos, a felicidade despertará em nós mais resultados positivos além dela mesma. Se imaginarmos um cenário em que o contrário acontece e o trabalho é indesejado, pode acabar por tornar-se um fardo. Querer, apesar de tudo, descanso e tempo livre que não esteja ligado ao trabalho é normal. O que não é normal é não sentir interesse e vontade de progressão na vida profissional. Não digo que a nossa felicidade no trabalho depende na sua totalidade de nós, pelo simples facto de acre- ditar que fatores externos sejam capazes de a influenciar, por exemplo, as condições de trabalho, as pessoas com quem trabalhamos, até mesmo a empresa ou lugar em si.

A importância de sentirmos felicidade naquilo que fazemos, reflete-se em vários aspetos profissionais, como a nossa produção, mas também na nossa vida pessoal. Trabalharmos em algo em que sentimos satisfação e felicidade torna a nossa vida mais fácil e feliz, claro.

A felicidade pode ser sempre encontrada na profissão e deve ser trabalhada para que não nos fuja.

Liliana Martins

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A experiência pessoal de cada ser humano é marcada por vários momentos, mas em particular pelos mais difíceis. O conceito de “felicidade” não existiria se não tivéssemos derrotas ou fracassos. Aliás, são esses momentos difíceis que nos tornam resilientes e com uma inteligência emocional superior à dos restantes seres vivos. Em dias duros, amargurantes e desanimadores eu parto em busca da felicidade. Saio à rua e tento encontrar, desesperadamente, algo que me faça sentir feliz e viva. Em cada canto, rua ou beco busco por pequenos vestígios deste sentimento. Às vezes, basta sentar-me num banco de jardim e observar o que me rodeia. Os meus sentidos captam, repentinamente, o som delicado do violino, reproduzido por um artista de rua; o cheiro a castanha assada, que compete com o aroma das farturas e dos churros; a brisa do vento ainda suave e fresca do outono e as mãos entrelaçadas de quem um dia jurou amar para sempre. Outras vezes, basta sentar-me num banco de autocarro e permitir que os meus 5 sentidos façam o resto. Dou por mim a sorrir porque vi a forma empática como um jovem cedeu o seu lugar a um idoso que ia de pé, sem lugar para se sentar; dou por mim a sorrir porque vi a forma como uma criança acarinha cuidadosamente o seu irmão através da barriga da mãe; dou por mim a sorrir porque oiço as gargalhadas agradáveis das crianças nos bancos de trás do autocarro. Dou por mim a sorrir por ter a oportunidade de assistir a mais um entardecer. Os raios de sol perdem a força e as cores tornam-se chamativas para quem procura descontrair depois de um dia de trabalho. O mundo pode ser maldoso e, por vezes, injusto, mas a felicidade é movida pela inspiração que as pequenas coisas da vida me transmitem, pelo simples motivo de serem efémeras. Por isso, sim, nos momentos difíceis eu procuro alento no espetáculo que a vida me oferece, direta ou indiretamente. Há quem lhe chame capacidade de resiliência, mas eu considero-me afortunada por ter a aptidão de superar dias cinzentos através da simplicidade dos pequenos momentos.

Joana Rebelo

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no de 2020 pôs a felicidade das gerações mais novas por um fio, fazendo com que a vida de tornasse monó- tona, sem vida, sem cor.

Fez-nos apreciar os momentos, gestos, atitudes mais simples, passamos a reencontrar a felicidade na simplicidade da vida.

Atividades banais como sair de casa e ir por o lixo à rua, ir passear o cão e apreciar os pássaros a cantar, parar na rua para ver as formigas a levar comida até ao formigueiro, ir até à praia cheirar a maresia, fazer puzzles infinitos de 10000 peças, eram atividades que preenchiam um dia.

Passamos a ver apenas ecrãs à nossa frente, presos às quatro paredes vimos o mundo a mudar, e a nossa vida a dar uma volta completa.
Da minha perspectiva, como adolescente que estava presa em casa, passei a apreciar tudo aquilo que sem- pre vivi, as viagens que já tive a oportunidade de fazer, um mergulho no mar, ir ao cinema, um jantar no meu restaurante preferido, e o conviver com os meus amigos pessoalmente sem ecrãs a bloquear o contacto físico, porque afinal, o quão bem sabe uma mesa cheia de amigos! As gargalhadas e as histórias de um passado que foi muito colorido, o futuro e os sonhos por concretizar.

Reencontrando esta felicidade que se tinha perdido ao longo do tempo, fez com que nos tornássemos pessoas melhores, mais reais, de carne e osso.
Após esta pandemia, e depois do défice de felicidade, passamos a perceber o quão bem faz termos o privilégio de partilhar as nossas maiores preocupações e problemas com aqueles que nos são mais próximos, a ajuda que isso nos dá, para nos voltarmos a levantar no dia a seguir e ter força para encarar um novo dia. Felicidade era algo que dávamos como garantido, neste momento, a busca pela felicidade e adrenalina de viver tornou-se mais cativante que nunca.

Inês Vasconcelos

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