Sem Treta

Oficina de S. José A prova de que a vida é feita de amor

«A Casa». É assim que a Oficina de S. José é vista por quem lá vive e também por quem lá trabalha. A Revista Minha teve a oportunidade de visitar estas instalações e conversar um pouco com alguns dos responsáveis da instituição, que definem a sua “missão” como prazerosa, gratificante e satisfatória». A oficina, como nos começou por contar o Diretor Interno, Pe. Paulo Terroso Silva, foi criada em 1889 pelo Arcebispo Primaz, D. António José de Freitas Honorato com o objetivo de dar resposta aos problemas na educação de crianças e jovens em situação de abandono, orfandade ou outro tipo de situação de perigo. Neste momento, conta com 37 meninos, mais 3 em apartamentos de autonomização. Estes 37 jovens estão divididos em 3 grupos, desde o 1.º e o 2.º ciclo, passando pelo ciclo regular e algum profissional e terminando no último grupo, onde estão os mais velhos, alguns deles universitários. A educadora Rosa Duarte, mais conhecida lá na casa por “Lola”, faz o acompanhamento escolar principalmente dos mais novos. Um acompanhamento muito próximo, onde há uma ligação constante com os diretores de turma e os professores, para que o conhecimento do que se passa na vida escolar das crianças seja possível, e para que se vá percebendo o que cada um gosta mais de fazer e que tipo de valências desenvolve. Esta parte escolar, como todos nos confessaram, é porventura a tarefa mais complicada e desafiante. A desmotivação das crianças, as dificuldades e a necessidade de acompanhamento são aspetos muito comuns e, por essa mesma razão, é definido um trabalho mais cuidado e técnicas que ajudem e motivem estes meninos. Além deste aspeto, a parte do trabalho psicológico é igualmente capital para que tudo seja funcional nestas crianças. Como nos contou Mafalda Malheiro, psicóloga da Oficina, a sua função é completamente diferente da de um “psicólogo habitual”; ali é tudo muito baseado na relação e na compreensão. Cada um tem uma história e a meta passa por compreendê-los e dar-lhes afeto, para que se sintam confortáveis para conversar e seguros de que podem confiar plenamente nas pessoas que ali estão. Segundo o diretor geral da instituição, Serafim Gonçalves, em harmonia com a restante equipa que conversamos, «a partir do momento em que a criança é acolhida, tudo é feito para que ela seja feliz enquanto lá está». «Se uma criança for feliz enquanto aqui estiver, tem muitas mais probabilidades de ser feliz quando sair daqui», acrescenta.

«Se uma criança for feliz enquanto aqui estiver, tem muitas mais probabilidades de ser feliz quando sair daqui»

Ligada a toda esta parte educativa, está também o Plano de Atividades anual desenvolvido por Ana Costa. Este é um plano executado consoante as necessidades e preferências tanto das crianças como dos trabalhadores da oficina. O teatro, a música, o desporto, o yoga ou a culinária fazem parte deste plano de atividades, para além de tudo que faça com que as crianças conheçam novas aptidões em si mesmas! Claro que, além destas iniciativas, há sempre aquelas épocas festivas todos os anos e que nunca são esquecidas.

«O teatro, a música, o desporto, o yoga ou a culinária fazem parte do plano de atividades»

Falemos então do que se aproxima e do que faz vibrar mais estes jovens: o Natal! É criado todo um ambiente natalício e especial para que todos fiquem entusiasmados e entrem no espírito. Além de terem oportunidade de fazer uma lista com alguns presentes que gostariam de receber, um “ritual” que também não pode faltar é o Calendário do Advento onde, todos os dias, ao longo do mês de dezembro, as crianças têm uma tarefa escrita na “janelinha” (como eles lhe chamam) do dia em que estão. É, portanto, um período cheio de atividades e magia! Mas, como nos começou por explicar o diretor técnico, Edson Luís, «há várias realidades em redor desta ocasião e não é tudo tão simples». Há crianças que vão a casa das suas famílias passar o Natal e essa é uma oportunidade dos pais conhecerem o progresso dos filhos, perceberem e aceitarem melhor a realidade de os ter “longe” e saberem que eles estão num sítio bom, onde são felizes. Depois há aqueles que não visitam as suas famílias, por variadas questões e, por isso, o cuidado de quem vai passar o Natal com eles na Oficina, é redobrado. Tentam que seja criado, o mais próximo possível, um ambiente familiar…uma ceia de natal bem preparada, decorada e acolhedora! No fundo, é tudo feito em função da felicidade, do amor e do afeto. «Doses elevadas de afeto com doses equilibradas de autoridade», afirmou Serafim Gonçalves, como sendo este o princípio da Oficina. O importante é que todos estejam a trabalhar para o mesmo e, desta forma, o objetivo principal é conseguido. Ter uma criança feliz!

Deixar comentário