Sem Treta

Braga tem registado uma crescente procura no mercado imobiliário

A revista Minha esteve à conversa com Miguel Aguiar, um dos CEO do Grupo Business da imobiliária Zome, que nos respondeu a algumas perguntas sobre o estado atual do mercado imobiliário em Braga.

O que podemos esperar do ano 2022 para o mercado imobiliário em Braga e por que motivos a cidade pode ser considerada um bom local para investir?

No ano de 2022 esperamos que a procura crescente continue. No que toca a Braga, esta é uma cidade cada vez mais apetecida e o facto dos Golden Visa terem sido “retirados” do Porto e de Lisboa, faz com que os estrangeiros procurem outras “grandes” cidades, que tenham mais acessibilidade, que estejam perto dos aeroportos e que tenham, ao mesmo tempo, uma dimensão e uma oferta aceitável. E Braga está no ponto fulcral, se formos a ver, devido ao trânsito, ir de Braga até ao aeroporto do Porto é quase a mesma distância (temporal) do centro do Porto ao aeroporto. Para além disso, é uma cidade que se encontra perto da praia, da montanha, com grande oferta cultural e com boas acessibilidades. Por todos estes motivos, Braga tem acolhido novos residentes em bastante quantidade, principalmente provenientes do mercado brasileiro.

E a procura por casa continua a existir de forma crescente na região?

A oferta é muito menor do que a procura e isso vai provocar a continuação da tendência do aumento do preço. Se não ocorrer nenhuma estabilidade económica ou nenhum fenómeno que venha alterar o panorama atual, os preços vão continuar a subir em 2022. Com a crise pandémica, a tecnologia ganhou um papel muito importante para a mediação imobiliária.

Que vantagens tem tirado o setor com estas ferramentas? O setor imobiliário adaptou-se muito rapidamente à crise pandémica e às consequências da mesma. Nós, por exemplo, fomos os pioneiros no desenvolvimento de uma tecnologia, a Zome Now, que permite ao cliente fazer a reserva da casa online e o pagamento. O cliente pode agora sinalizar a casa a partir de casa, como se estivesse a comprar um livro! Temos vendido imensas casas online, quase todos os dias. Isto porque associamos outras tecnologias, através do vídeo, da realidade virtual, entre outros, que permite ao interessado recolher todo o tipo de informação sobre a habitação e sentir que está efetivamente “dentro da casa”.

Que ilações retiram desta fase para a mediação imobiliária? Com a pandemia penso que todos nós nos apercebemos da importância das relações, da vivência em comunidade e, apesar de estarmos longe, a necessidade de olhar nos olhos, nem que seja através da videochamada. Nós pedimos sempre ao nossos clientes para as primeiras reuniões decorrerem neste formato, até porque isto manifesta-se num negócio de relações e confiança, que se traduz na transação. Sem confiança não há transação e sem relação não há confiança! A pandemia veio então obrigar-nos a estabelecer esta relação de outra forma.

A construção nova voltou em força?

A construção nova voltou, mas não em força. Ainda não temos a construção nova necessária para a procura que temos. Temos bastante reabilitação, o que também é bom, porque o centro de Braga encontrava-se bastante degradado e agora está a ficar mais bonito. O que acontece é que na reabilitação tem-se notado uma aposta muito grande no “Airbnb” e o que era uma casa enorme transforma-se em cinco ou seis apartamentos com espaços muito reduzidos. Quanto à construção nova, ainda há muito pouca oferta e aquilo que há rapidamente sai do mercado. No caso de Braga, apartamentos novos ainda vai havendo, mas no que toca às moradias há uma grande procura e uma oferta mesmo muito reduzida.

Os bancos continuam a financiar? Os bancos continuam a financiar, com taxas muito aliciantes e nós somos parceiros de todos os bancos. Temos também, internamente, a parte de intermediação de crédito, ou seja, ajudamos os nossos clientes não só a escolher os melhores créditos, mas também os melhores seguros. O mercado de arrendamento está com valores muito altos.

Tem sido menos procurado, por isso?

O problema do mercado de arrendamento estar muito alto é exatamente pelo facto de não haver muita oferta. Há muitos poucos apartamentos para arrendar em Braga, à exceção da zona da Universidade do Minho, que é ocupada maioritariamente por estudantes. Braga é considerada a terceira maior cidade do país, recebe imensas pessoas, sejam trabalhadores, empresários ou estudantes, e a quantidade de casas para arrendamento não cobre a procura, daí o preço crescente, apesar de ainda não estar ao nível de custo do Porto ou de Lisboa.

Tem havido um acréscimo de procura por edifícios mais sustentáveis?

Diria que apenas uma pequena franja da população começa a preocupar-se mais com isso, mas ainda precisamos de consciencializar e alertar muito mais a população para os benefícios da sustentabilidade. Claro está que uma pequena franja já se preocupa com a classe energética, painéis solares, a própria climatização da casa, mas diria que esta questão trata-se de um processo evolutivo e que só quando a procura aumentar e o mercado sentir necessidade de se adaptar, é que haverá mudanças palpáveis.

Que caraterísticas deve ter um bom agente imobiliário?

Um bom agente imobiliário deve colocar-se sempre no lugar do cliente e pensar “o que é que eu gostaria que fizessem por mim?”. Quando fazemos aos outros aquilo que gostaríamos que fizessem por nós, tudo corre bem. Essencialmente, tem de ser alguém de confiança, trabalhador, que tenha formação para se saber munir das ferramentas certas para ajudar o cliente na altura de tomar uma das decisões mais importantes da sua vida. Deve tentar perceber se pode/deve aconselhar aqueles clientes que acham, por exemplo, que um certo local é o ideal para ele, mas que nós entendemos que não (seja por ficar longe do trabalho ou da escola dos filhos, ou por ficar num local com bastante trânsito), de forma a que perceba que se calhar há outro local ou outra habitação mais propícia ao seu caso, seja pela parte económica, seja para facilitar a seu quotidiano futuramente. Resumidamente, é conseguir ajudar o cliente a tomar a melhor decisão e munir-se das ferramentas necessárias para conseguir fazer um estudo de mercado de forma a que o cliente entenda se está a comprar ou vender bem, consoante o estado e as tendências atuais do mercado imobiliário.

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