Opinião

Viroses: como evitar?

Em idade pediátrica as “viroses” são as infeções mais comuns e, ao contrário do que se possa pensar, não é um termo que deva ser usado para designar aquilo cuja causa se desconhece!

Por “virose” entende-se toda a doença causada por vírus, partículas simples, que condicionam infeções geralmente autolimitadas, sem necessidade de tratamento específico.

Embora haja vírus com maior propensão para causar sintomas num determinado órgão ou sistema (respiratório, gastrointestinal, musculo-esquelético, …), nesta época do ano faz todo o sentido salientar os vírus respiratórios, “que andam por aí de mãos dadas connosco e com as nossas crianças”!

As infeções das vias respiratórias (constipações, pneumonias, bronquiolites…) são altamente contagiosas e geralmente adquiridas por inalação de gotículas respiratórias contendo vírus ou por contacto direto com superfícies contaminadas. O frio não é causa direta mas é no outono/inverno que a prevalência destes vírus é maior.

De longe, as constipações são as “viroses” respiratórias mais comuns nas crianças. Sendo vários os vírus envolvidos, a mesma pessoa pode ser infetada várias vezes por diferentes vírus, daí resultando várias constipações ao longo do ano. Os sintomas mais comuns são secreções nasais, febre (temperatura axilar ≥37.6ºC), tosse, dor de garganta, irritabilidade e diminuição do apetite, podendo durar até 10 dias. Inclusive, pode desenvolver-se uma segunda constipação sem resolução completa da primeira.

Medidas gerais como repouso, controlo da febre (preferencialmente com paracetamol), lavagem nasal frequente, reforço da ingestão de líquidos (água e sumos naturais) e evicção de mudanças de temperatura têm-se mostrado as mais eficazes no seu tratamento.

Reforça-se que os antibióticos nada fazem nas infeções causadas por vírus. Também anti-histamínicos, xaropes da tosse e descongestionantes nasais são por norma desaconselhados.

As “viroses” respiratórias podem e devem ser prevenidas com medidas de higiene simples, mas eficazes. É importante ensinar às crianças medidas de higiene, dando sempre o exemplo. Mais vale prevenir do que remediar!


Como evitar as infeções respiratórias:
1. Manter uma higiene pessoal adequada com especial atenção à lavagem regular das mãos;
2. Nunca utilizar as mãos para cobrir a boca e o nariz quando espirrar ou tossir;
3. Evitar lugares densamente frequentados, multidões e áreas pouco ventiladas;
4. Não fumar perto das crianças (o tabagismo passivo aumenta a frequência e gravidade das infeções respiratórias);
5. Mesmo se aparentemente assintomático, evitar beijar e abraçar sobretudo crianças pequenas;
6.Lavar/desinfetar com regularidade os brinquedos. 

 

Margarida Reis Morais, pediatra do Hospital de Braga 

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