Opinião

Amamentação: a importância para a vida

A nutrição é crucial no crescimento e desenvolvimento infantil. Em virtude da crescente consciencialização da importância da amamentação exclusiva, a Organização Mundial de Saúde defende que esta deve ser iniciada na primeira hora de vida e mantida exclusivamente até aos 6 meses. Apesar de não ter uma duração ideal, as recomendações atuais defendem a sua promoção até pelo menos aos 2 anos de idade como complemento à diversificação alimentar, enquanto a mãe e o bebé o desejarem.
Embora reconhecido o valor do aleitamento materno, a prática permanece aquém das recomendações, e o modo exclusivo está longe de ser universal. Dados mais recentes demonstram que 2 em cada 3 crianças não são amamentadas exclusivamente até aos 6 meses. Em Portugal, alguns estudos evidenciam que mais de 90% das mulheres iniciam a amamentação mas aproximadamente 50% desiste no primeiro mês de vida. Os principais obstáculos à amamentação exclusiva resumem-se à falta de conhecimento e consciencialização da população e dos profissionais de saúde; cultura, crenças e mitos; falta de confiança ou baixa autoestima materna; falta de apoio e suporte familiar e comunitário; questões laborais como licenças parentais curtam com penalização monetária.
A amamentação transforma os envolvidos, nutre e vincula. Requer uma organização prévia para uma execução brilhante. Cada execução bem-sucedida causa o aprimoramento da técnica bem como estimula, marca e desenvolve os participantes.
A importância do aleitamento materno tem sido documentada, tendo um impacto enorme na saúde infantil mas também na saúde físico-psico-afetiva da pessoa que amamenta. Como benefícios para o bebé destacam-se o fortalecimento do sistema imunitário por ser rico em anticorpos maternos, as suas características nutricionais que são adequadas às necessidades de crescimento e desenvolvimento da criança sendo único para cada bebé e a sua composição, que é variável com o tempo, com a idade gestacional, com a hora do dia e com o tempo de mamada. Além disso, reduz a incidência de diabetes, obesidade e asma na infância; melhora o desenvolvimento neurológico, individual, comportamental e orofacial. Relativamente aos benefícios para a mãe, acelera a contração uterina após o parto, reduzindo o risco de hemorragia; previne cancro da mama e ovário; diminui o risco de doenças cardiovasculares e diabetes Mellitus tipo II; melhora a qualidade de sono; promove satisfação e sensação de bem estar com redução da depressão pós parto; contribui para que o metabolismo materno volte de forma mais natural ao estado pré-gravidez.
É fundamental educar e apoiar as mães, as famílias e a sociedade para que se criem alicerces robustos na prática da amamentação. Proteger a amamentação é uma responsabilidade de todos!

 

Clara Machado, assistente graduada do serviço de Pediatria do Hospital de Braga, e Ana Isabel Moreira Ribeiro, médica interna de formação específica do serviço de Pediatria do Hospital de Braga.

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